Um projeto desenvolvido pelo Departamento de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Estadual de Maringá (UEM), tem ajudado produtores de uva da região de Marialva a cuidarem da saúde. O projeto de extensão “Impactos do cultivo da uva na saúde do produtor e na qualidade da água em propriedades do município de Marialva-PR”, tem como principal objetivo a realização de exames e a conscientização acerca do uso de agrotóxicos através de palestras.
Com quase 20 anos de experiência no manejo de parreiras, Ana Maria de Souza, 46 anos, dedicou recentemente uma de suas manhãs para cuidar da saúde. Produtora rural na cidade de Marialva (Paraná), Ana foi uma das dezenas de pessoas beneficiadas pelo projeto. “A gente nunca tem tempo para cuidar da saúde, então sendo aqui pertinho, tudo de graça, vale a pena para saber como vão as coisas”, argumentou a moradora de Marialva, cidade auto-denominada Capital da Uva Fina do PR.
A iniciativa do Departamento de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Estadual de Maringá (UEM) é um dos mais de 100 projetos que tem sido financiados desde o começo de 2017 por meio do programa Universidade Sem Fronteiras (USF), uma das maiores ações extensionistas do Brasil. Estas iniciativas são operacionalizadas diretamente pelas sete universidades estaduais do Paraná – Unioeste, UENP, Unespar, UEL, UEM, UEPG e Unicentro, com recursos do Governo do Estado por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).
A bolsista recém-formada em Farmácia Renata Sano Lino explica que a ideia do projeto surgiu a partir da pouca procura dos viticultores por exames de prevenção de doenças: “Se eles sofrem uma intoxicação aguda, eles procuram ajuda médica, já que os sintomas são bastante fortes e de uma hora para a outra, mas os problemas crônicos são o nosso foco. É preciso ter um acompanhamento ao longo dos anos, pela quantidade de agrotóxicos utilizados na produção da uva, que podem fazer mal com o passar do tempo”, explica. Um dos participantes do evento e produtor de uva, Dejair Rosa, 55 anos, concorda com a importância da ação: “Não sabemos direito o que o veneno causa para a gente, mas acho que causa doenças, então é importante esse tipo de coisa já que normalmente sou relaxado com esses exames”, diz Dejair.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Simone Galerani Mossini, essa é apenas uma das etapas da iniciativa. “Nesta altura, nós estamos verificando como está a saúde dos produtores e dos membros de suas famílias, é uma etapa importante, mas Marialva, sendo uma grande produtora de uva, é necessário que nós trabalhemos com a prevenção, antes de tudo”, finaliza.
O projeto acompanhará a saúdes dos produtores ao longo dos próximos meses, realizando outras coletas de sangue, glicose e urina, além de trabalhar na prevenção de doenças relacionadas ao uso de agrotóxicos.