Morar nos “blocos de letras”, coisa que faço há mais de duas décadas (desde quando a Paranaguá descia), é aprazível. Tanto que reluto em de lá sair, pois ali sempre encontrei boa vizinhança e meus dois rebentos cresceram correndo entre o A e K. Claro que por causa da proximidade com a UEM, mas não só por isso, o entorno do “moradouro” foi, em outros tempos, atrativo para tribos diversas.
Conheci pessoas interessantes no circuito boêmio, que já teve fama de agitado. Hoje, bem menos. Combatidos pelos mais conservadores estão “barulhando” em outras paragens e a área quase consegue ser essencialmente familiar.
Talvez por não ter sono leve e não precisar madrugar para cumprir minha rotina profissional, fui, confesso, cúmplice dos que naqueles tempos incomodavam com serenatas até altas horas.
Em épocas de vestibulares vi no local shows memoráveis em palcos montados nas calçadas.
Reconheço que para a maioria aquilo representava uma agressão ao direito sagrado que todos têm de dormir. Tanto que uma justa e organizada pressão dos condôminos, aos poucos, conseguiu tornar a área menos ruidosa. Aos meus tímpanos transgressores, confesso, aquilo soava como “um barulhinho” bom.
Mas não tiro a razão da maioria sensata e como está, está bom também.
http://www.odiario.com/cidades/noticia/818424/era-um-barulhinho-bom/