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Vai analisar origens norte-americanas das iniciativas educacionais de privatização, meritocracia e responsabilidade

O Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), convida para aula inaugural do ano letivo de 2023, onde a professora da Universidade da Pensilvânia (EUA), Rebecca Tarlau, vai ministrar conferência abordando o tema “As origens estadunidenses do Movimento da Reforma da Educação Global: Evoluções e Resistências”. Será no dia 22 de maio, às 14h30, no Auditório 29 de Abril, do bloco I-12, no câmpus sede. 

A professora vai analisar as origens norte-americanas das iniciativas educacionais de privatização, meritocracia e responsabilidade, conhecidas como o Movimento da Reforma da Educação Global. Essas iniciativas serão abordadas desde a teoria original de Milton Friedman*, relacionada aos “vouchers”, até as escolas “charters” (escolas públicas terceirizadas) e o sistema de “tracking” (itinerários) implementado nas escolas de ensino médio nos Estados Unidos na década de 90. Tarlau também vai falar sobre as resistências e as lutas em desenvolvimento nos EUA, diante dessas reformas. 

Rebecca Tarlau é professora associada de educação e relações trabalhistas e é afiliada ao Center for Global Workers' Rights. Ela tem um Ph.D em Estudos Sociais e Culturais em Educação pela University of California Berkeley

Rebecca foi inspirada a seguir uma carreira em educação por suas experiências com as organizações comunitária na América Latina e nos Estados Unidos, onde testemunhou o potencial que a educação tem para promover a justiça econômica e racial em comunidades pobres. Ela ingressou em um programa de doutorado em Estudos Sociais e Culturais em Educação na Universidade da Califórnia, em Berkeley, para examinar como as hierarquias de classe, raça e gênero são reproduzidas nas escolas e como os movimentos sociais usam a educação para contestar essas desigualdades. 

A agenda de pesquisa de Tarlau tem três grandes áreas de foco: teorias do estado e das relações estado-sociedade; movimentos sociais, pedagogia crítica e aprendizagem; e educação e desenvolvimento latino-americano. Sua bolsa envolve debates nos campos da sociologia política, educação internacional e comparada, movimentos sociais, pedagogia crítica, sociologia global e transnacional e teoria social. 

Na última década, a professora realizou extensa pesquisa etnográfica sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O MST é famoso mundialmente por seu sucesso em forçar o governo a redistribuir terras para mais de 300.000 famílias rurais pobres; as iniciativas educacionais do MST são menos conhecidas. Nas últimas três décadas, ativistas se valeram de diversas teorias educacionais para desenvolver práticas pedagógicas para as escolas que estimulem os jovens a permanecer no campo, ao mesmo tempo em que fomentam o ativismo, a agricultura familiar e formas coletivas de trabalho. Essa abordagem contrasta diretamente com a tendência do governo brasileiro de implementar políticas educacionais que enfatizam a meritocracia individual, a eficiência gerencial e a preparação para o mercado de trabalho urbano. 

O atual projeto de pesquisa de Rebecca compara os movimentos de professores no Brasil, México e Estados Unidos, examinando as condições e estratégias que permitem aos professores e seus sindicatos transcenderem interesses econômicos estreitos e participarem de lutas mais amplas por justiça social. Esta pesquisa enfoca os professores como atores políticos e o papel que eles desempenham atualmente, desafiando a mudança global para políticas mais conservadoras e reacionárias. 

Sobre: Milton Friedman foi um economista, estatístico e escritor norte-americano que lecionou na Universidade de Chicago por mais de três décadas. Ele recebeu o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 1976 e é conhecido por sua pesquisa sobre a análise do consumo, a teoria e história monetária, bem como por sua demonstração da complexidade da política de estabilização.