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Polítas públicas, direitos humanos e erradicação da pobreza são alguns dos objetivos dos trabalhos apresentados

Convidada pelo Projeto Erasmus Américas, da organização “Nuevo Futuro” de Navarra - Espanha, a Associação de Educadores Sociais de Maringá (Aesmar) solicitou o apoio do Programa Multidisciplinar de Estudo, Pesquisa e Defesa da Criança e do Adolescente (PCA), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), para participar de um edital da comunidade europeia. O Projeto aprovado foi realizado durante dois anos (2020-22) e contou com a participação do México, Bolívia, Equador, Brasil, Colômbia, Guatemala, Portugal, Espanha e Bélgica.

O alvo do Projeto foram as populações em situação de rua centrado nos direitos humanos, especialmente nas questões de gênero. A participação da Aesmar e do PCA/UEM no Projeto trouxeram diversos aprendizados, dentre eles, a percepção de como os países das américas possuem problemáticas em comum, como por exemplo a pobreza, e que é possível trabalhar em conjunto para soluções, seguindo a especificidade de cada lugar.

“O grande aprendizado é perceber o quão fundamental é conhecer culturas variadas para sermos mais tolerantes, humildes e conectados ao sentimento de pertencimento do território latino americano. Há coincidências e diferenças a serem admiradas nos trabalhos realizados com as quais nos inspiramos para propostas concretas em nosso país. E quando pensamos no que significa países das Américas relacionarem-se com países da Europa, temos o território diferente, mas o fato de nos esforçarmos para conversar num mesmo idioma, essa riqueza tão linda de sotaques, nos aproxima de uma tal maneira que, em alguns momentos, o território desaparece como uma diferença e percebemos que temos a sensibilidade, além do desejo comum, de buscar, por meio do nosso trabalho profissional com educação social, contribuir com a justiça social no mundo”, declara a professora Verônica Müller, uma das coordenadoras do PCA e presidenta da Aesmar.

A educadora social e membro da Aesmar, Ana Paula Labigalini, diz que trabalhar no projeto foi maravilhoso. "Conseguimos ter acesso, aqui em Maringá e região, há muitos educadores sociais, de várias instituições, para debatermos sobre os objetivos do Projeto. A contribuição do PCA e da Aesmar foi fundamental porque já temos um grupo formado que atua dentro da educação social. Dessa forma, agregamos nosso conhecimento ao propósito do Erasmus de relacionar os direitos humanos com o público e a vulnerabilidade, especificamente das pessoas em situação de rua, com direcionamento às questões de gênero”, relata.

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O Brasil esteve representado em encontros presenciais na Bélgica, Equador e Guatemala

O Projeto promoveu três encontros presenciais, o primeiro na Bélgica, o segundo no Equador e neste ano, o encerramento ocorreu na Guatemala. O “Seminario Intercambio de Buenas Prácticas en enfoque de derechos, igualdad de género e incidência", ocorreu de 4 a 9 de setembro, deste ano, apresentando os resultados do trabalho conjunto das redes de educadores sociais “Dynamo International-Street Workers Network'' e “Rede Dynamo Américas", com apoio do projeto Erasmus, cofinanciado pela União Europeia.

As professoras e educadoras sociais, Verônica Regina Müller, Ana Paula Labigalini e Patrícia Cruzelino Rodrigues, membros do PCA/UEM e da Aesmar, representaram o Brasil no evento. O encontro contou com a presença de autoridades máximas governamentais e teve como objetivo discutir e compartilhar as práticas exitosas que cada país desenvolve em relação à educação social, além de promover a incidência política na Guatemala, um país que tem 80% da população em situação de pobreza.

Para a professora de educação física e educadora social, Patrícia Cruzelino Rodrigues, “um dos objetivos do Seminário foi proporcionar espaços de socialização e sistematização de experiências de boas práticas educativas sociais (ações, projetos, programas, políticas públicas, entre outras), relativas à promoção e defesa da educação social e dos direitos humanos de populações em situações de risco e exclusão social em diversas faixas etárias. Tivemos oportunidade de apresentar conceitos e práticas advindas da experiência no 'Projeto Brincadeiras com Meninos e Meninas de e nas Ruas', ligado ao PCA/UEM e das teses e dissertações desenvolvidas por seus participantes”, explica.

PCA: Entre os muitos resultados positivos e concretos, nesse período, o PCA contou com a realização de uma live com especialista em gênero e uma formação internacional sobre a temática onde participaram educadores de Maringá e região, que depois foram palestrantes na Semana da Criança Cidadã organizada pelo PCA/UEM. Teve ainda a realização de um curso com gestores e funcionários dos municípios da região, além do apoio ao Congresso Internacional de Educação Social organizado pelo PCA/UEM que contou com o Congressinho (modalidade do evento em que as crianças expressam suas opiniões a autoridades do município).

Para a professora Verônica, todos esses esforços solidificam a luta pela valorização da educação social que no Brasil ainda precisa ser reconhecida como profissão.“Gostaríamos muito que Maringá fosse a primeira cidade a oferecer um curso universitário público que formasse educadores sociais. Ainda acreditamos em tal possibilidade”, declara.

 

Texto redigido em colaboração com a estagiária do PCA, Amanda Bueno, aluna do curso de Comunicação e Multimeios da UEM.