Bolsistas levam atendimento em domicílio aos pequenos municípios da região
Para reforçar a equipe de saúde no combate ao novo coronavírus, as 16 cidades que fazem parte da 22ª Regional de Saúde, sediada em Ivaiporã, receberam 26 profissionais entre técnicos de enfermagem, enfermeiras, nutricionistas, psicólogo, educador físico e farmacêuticos. Este apoio se deu graças ao projeto “UEM no combate ao coronavírus”.
A ação é financiada pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA) em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde, de Maringá; 12ª Regional, de Umuarama; 13ª Regional, de Cianorte; além da 22ª Regional.
De acordo com uma das coordenadoras do projeto, a docente do Departamento de Enfermagem, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Grace Jacqueline Aquiles, atender Ivaiporã e os pequenos municípios daquela região foi prioridade desde o início da iniciativa de combate ao novo coronavírus.
“Sabíamos das dificuldades e das vulnerabilidades que a 22ª Regional de Saúde apresentava. São municípios pequenos, com déficit de profissionais e o objetivo do Projeto era ajudá-los a enfrentar a pandemia da Covid-19 de forma mais organizada, tecnicamente mais preparada e com suporte da Universidade Estadual de Maringá, já que temos extensão da UEM em Ivaiporã”, disse a enfermeira e professora.
UBS – Os bolsistas começaram a ser deslocados em abril para os municípios com maior demanda. As Unidades Básicas de Saúde foram os locais de trabalho destes profissionais. “Cada município trazia suas necessidades e íamos adaptando. Uma de nossas dificuldades foi trazer profissionais de fora, então, a maioria dos bolsistas acabou saindo dos próprios municípios em que iriam atender”, conta a chefe da Divisão de Gestão e Atenção em Saúde, da 22ª Regional, Emilia Carla dos Santos Fernandes. “O apoio, neste momento de pandemia, é fundamental. Tivemos muitos afastamentos de profissionais considerados de risco para a Covid-19, então, esta lacuna foi preenchida pelos bolsistas”, completa a gestora.
Trabalho preventivo da equipe da UEM
A fisioterapeuta Luciamara Moreira (foto da abertura da matéria) é uma das bolsistas do projeto em Rio Branco do Ivaí, uma cidade com pouco mais de quatro mil habitantes. Ela conta que, por causa do isolamento, muitos dos atendimentos são feitos em domicílio, principalmente, para a população de risco. “São pacientes acamados, que estão utilizando respiradores e até pacientes que moram em áreas rurais, que têm muita dificuldade para conseguir chegar até o postinho. Nosso objetivo está focado tanto no tratamento quanto na prevenção”, conta ela.
Em média, Lucimara consegue atender 15 pacientes por semana. “Aqueles mais necessitados visito duas vezes, os que estão em condições melhores, uma vez”. Ela destaca que o atendimento em domicílio não existia antes na cidade, teve início com o Projeto da UEM e está sendo fundamental para a população mais necessitada. “Sem este atendimento, eles estariam sofrendo bastante. Os familiares são muito agradecidos e acredito que este trabalho acaba ajudando toda a família, com orientações e cuidados”. A fisioterapeuta ainda relata que há pacientes que tiveram Covid-19 que também estão em tratamento domiciliar, por conta de comprometimentos do pulmão. “Estamos fazendo um trabalho de fortalecimento pulmonar e orientando sobre exercícios que eles pode fazer em casa para uma melhor recuperação”.
Cuidados e carinho - Lucimara, que também é moradora da cidade, conta que, com o projeto, acabou descobrindo uma necessidade antes desconhecida. “Ninguém sabia muito das reais necessidades destas pessoas que não podem sair de casa e o município nem tinha mão de obra para atendê-las. Com o Projeto, até ações em grupo conseguimos criar para realizar orientações de prevenção”, destaca (foto acima).
No distrito de Ubauna, em São João do Ivaí, a ajuda de uma bolsista também vem fazendo a diferença na vida de muitas famílias. A técnica de enfermagem Elda Santos de Oliveira (foto acima) vem atendendo em domicílio, há pouco mais de um mês, principalmente idosos. “Muitos deles não andam, tiveram AVC [Acidente Vascular Cerebral], uma queda, e teriam muita dificuldade ou nem conseguiriam ir, se tivessem que se deslocar até o posto de saúde”.
Elda conta que o atendimento oferecido pode ser um simples curativo ou a aplicação de um medicamento, de forma mais complexa. Porém, o mais importante é: atenção e amor. “Vejo que é mais uma necessidade de cuidado, de carinho do que qualquer outra coisa”. A bolsista chega ao distrito, diariamente, por volta das 7 e retorna às 15 horas. “Todos os dias vem um idoso com um presente, já ganhei até mandioca. Um trabalho assim, de cuidados no local, faz muita falta para eles”.
A secretária de saúde de São João do Ivaí, Adriana Almeida de Ceron, reforça a importância do Projeto tanto para São João quanto para os municípios ao redor. “A população está muito feliz, as profissionais estão levando saúde e também carinho para as casas dos moradores”.
A pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, comemora o fato de que ir até os pequenos municípios e à zona rural levou a UEM, literalmente, até dentro da casa das pessoas. “Por meio de nossos projetos e bolsistas fazemos da extensão um braço comunitário da Universidade, oferecemos cuidados impactantes para melhoria da qualidade de vida da população. Em meio a tantas dificuldades e lutas enfrentadas durante a pandemia, a UEM se reinventa e faz diferença com suas ações extensionistas”, conclui a professora Débora.
Texto produzido pela bolsista do Projeto, a jornalista Vanessa Bellei