CARTAZ MEMORIA IAP VIRUS

A iniciativa de divulgação científica foi realizada remotamente, entre os meses de julho e agosto

O projeto de extensão “Conversa com Cientistas: os vírus de ontem, hoje e amanhã”, dialogou com 4065 alunos de escolas de ensino fundamental, sobre o que são essas estruturas e de que forma elas podem levar a nossa sociedade a ter que viver momentos de reclusão. A proposta surgiu das iniciativas de divulgação científica promovidas pela pró-reitora de Extensão e Cultura, da Universidade Estadual de Maringá (PEC/UEM), a professora Débora de Mello Gonçales Sant’ Ana, e pela assessora de Comunicação da PEC, a jornalista Ana Paula Machado Velho.

Segundo farmacêutica e professora da UEM, “é missão da Universidade promover um conjunto de ações que se propõe a dar visibilidade aos conhecimentos produzidos pela ciência, utilizando as mais diferentes estratégias. Isso é o que chamamos de divulgação científica. Quando ela é bem orientada, prepara as pessoas para a vida moderna, que é cada vez mais impregnada de ciência e tecnologia”, avalia a Débora Sant’Ana.

Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), o acesso a informações e fatos sobre a COVID-19 ajuda a diminuir os medos e ansiedades das crianças e adolescentes a respeito da doença, e contribui para que lidem melhor com impactos secundários na vida de cada um. Diante disso, as organizadoras do Projeto decidiram atender a esse público, mas a partir de uma demanda deles. “A gente costuma criar produtos de mídia a partir da nossa perspectiva, de adultos. Pensamos que era necessário ouvir das crianças quais eram as dúvidas reais delas”, explicou a jornalista Ana Paula Machado Velho.

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“Fizemos uma divulgação por meio do disparo de e-mails com um convite para que as instituições interessadas solicitassem participar do projeto. Como as escolas adventistas não suspenderam suas atividades, mantendo a oferta de aulas e eventos on-line para os alunos, foi possível realizar os encontros”, detalhou a professora Débora (foto acima).

Metodologia – Durante os meses de julho e agosto, estudantes do 5º ao 8º ano, do Ensino Fundamental, assistiram a uma palestra, via plataformas on-line, a partir de 45 cidades dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e oriundos de 49 escolas. Houve apenas uma exceção: um dos encontros contou com a participação de alunos do nono ano e do ensino médio.

A divulgação junto aos estudantes e a organização dos meios de interação on-line foram feitas pelas equipes dos colégios. A professora Débora Sant’Ana abria cada encontro com uma fala de 20 a 30 minutos, apresentando um panorama geral do que está acontecendo no mundo. Explicava um pouco sobre os vírus em geral, como sozinhos eles são apenas uma partícula, porém, em contato com a célula de um hospedeiro, têm o potencial de se multiplicar. Em seguida, focava no novo coronavírus, seu surgimento e características, a facilidade dele “viajar” pelo mundo e provocar uma pandemia, e a necessidade de isolamento social, para que os hospitais tenham a capacidade de atender as pessoas infectadas.

Na conversa, Débora Sant’Ana disse, também, que a transmissão ainda pode ocorrer quando se coloca a mão em alguma superfície com gotículas infectadas e leva às mucosas, sem antes higienizar as mãos corretamente. Assim, marcava a necessidade do uso da máscara, da lavagem das mãos com água e sabão e a importância de evitar contato físico e lugares com aglomeração, já que não existe remédio nem vacina para combater a doença.

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Depois da explanação da professora, as perguntas enviadas pelos estudantes foram lidas pelos docentes das turmas ou apresentadas nos chats e respondidas por cerca de mais 30 minutos. Apesar de não poderem falar diretamente com a cientista, a quantidade e a variedade de perguntas comprovam que os alunos estavam atentos e interessados em trocar ideias.

“As questões trazidas pelos estudantes foram muito além do bem-estar físico, o que pode ser uma prova de que a iniciativa foi um grande serviço à garotada, à sociedade e à área da divulgação da ciência. As principais questões estavam relacionadas à origem do vírus, às características da doença e à possibilidade de cura, como o surgimento da vacina e de remédios para o tratamento”, disse a professora Juliana Perles, do Departamento de Ciências Morfofisiológicas (DCM/UEM), que participou do primeiro encontro com estudantes do Paraná.

Divulgação científica – Este é um projeto inovador de divulgação científica, que criou interação entre uma cientista e o universo infantil. Importante destacar que a linguagem utilizada pela interlocutora da conversa era atraente para o público-alvo, o que o fez se identificar com o que estava ouvindo e interagir. Em outras palavras, a Universidade reelaborou suas mensagens para atingir o público do Ensino Fundamental e a comunidade e geral, visto que, por estarem em casa, participando de aulas on-line, muitos pais também puderam assistir as lives e mandaram perguntas, tirando muitas dúvidas. Conseguiu-se criar um produto que teve como foco levar a informação científica de maneira leve, engraçada e correta para a garotada, por meio de um evento que vai além da educação formal.

FOTO PRIMEIRA LIVE

“O conhecimento incentiva os alunos a se tornarem defensores da prevenção e do controle da doença em casa, nas escolas e nas comunidades e até ajudarem a combater informações dúbias ou mesmo falsas, as famosas fake news sobre a doença. Neste caso, Universidade e escolas uniram-se para criar um ambiente de acolhimento e cumprir o papel social de prevenção da saúde física e mental da sociedade, por meio de uma interlocução com linguagem adequada e clara. Pode-se dizer que foi uma iniciativa de sucesso”, comemorou a professora Débora.

Segundo a jornalista Ana Paula, essa ação é o embrião de um projeto maior, de produção de podcasts sobre ciência para crianças com as perguntas e a participação delas. O podcast é um produto de áudio, uma forma de levar o diálogo, a conversa ao público com uma linguagem mais próxima da realidade dele: a oral.

“Vivi uma experiência muito gratificante em uma demanda do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Um edital de 2018 selecionou profissionais de comunicação para desenvolver produtos de divulgação científica para a garotada. Produzimos o programa infanto-juvenil “Porque sim não é resposta”, com o apoio tecnológico da Rádio UEM-FM. O impacto foi tão grande que queremos dar continuidade a essa produção”, explicou a jornalista da PEC.

Texto com colaboração da bolsista do curso de Comunicação e Multimeios da UEM, Milena Massako Ito.