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Alunos e professores atuam prestando informações sobre a Covid-19, de forma remota

Completando quatro meses de funcionamento, a Telemedicina Paraná, plataforma de atendimento remoto do governo do Estado, vem colhendo seus frutos nas universidades. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), três professores e 12 alunos (do último ano de medicina e enfermagem) realizaram uma média de 1.200 atendimentos pela plataforma e só têm a comemorar os bons resultados até aqui, tanto para os pacientes quanto para os profissionais e estudantes.

“Eu sempre fui muito crítica em relação à telessaúde, mas tem sido uma experiência muito positiva tanto para a população quanto para os profissionais envolvidos. Para os alunos, então, com certeza, se formam, agora, com um novo olhar, um novo conceito”, destaca Hellen Cecílio, professora do curso de enfermagem da UEM e uma das orientadoras do projeto da Telemedicina, dentro da Universidade.

Números - Em todo o Estado, já foram mais de 16 mil atendimentos, de abril a julho, pela plataforma Telemedicina Paraná. As equipes da UEM  foram viabilizadas graças ao projeto “UEM no combate ao coronavírus”, financiado pela Fundação Araucária de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA). A UEM atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde (Maringá), 12ª Regional de Saúde (Cianorte), 13ª Regional de Saúde (Umuarama) e 22ª Regional de Saúde (Ivaiporã).

“Como a plataforma já estava desenvolvida e pronta para ser utilizada, nossas equipes da UEM entraram direto para realizar os atendimentos”, relembra Hellen, que participou do projeto desde o início.

A professora ainda explica que, por meio do aplicativo, o paciente faz o cadastro, passa por uma triagem automatizada e, a partir daí, são encaminhados para os alunos do projeto. “Neste momento, os estudantes, com nossa supervisão, têm três opções: conseguem resolver a demanda com orientações; em casos mais graves, encaminham para uma consulta médica on-line ou para atendimento psicológico remoto. A pessoa não chega ao médico ou psicólogo sem passar pelos alunos”, explica a orientadora.

foto geral telemedicina despedida

Ao fundo, os alunos e orientadoras; na frente a equipe da PEC: o diretor de Extensão, Breno Oliveira; a pró-reitora, Débora Sant' Ana; e a coordenadora do projeto Telemedicina, na UEM, Viviani Meireles

A equipe - A participação dos estudantes da UEM é remota. Cada um em sua casa. O grupo entra no aplicativo com o login, nos horários determinados. “Existe uma programação de todo o Estado e, cada universidade, fica com um dia específico para os atendimentos, que ocorrem das 7 às 23 horas, de segunda a sexta”, informa Hellen.

A orientadora ainda lembra que, no primeiro dia de atuação, 13 de abril, a equipe  realizou 23 atendimentos em um período de 6 horas. No segundo dia, foram 46 atendimentos. Durante o mês de maio, houve uma queda, com registro de uma média de 12 atendimentos diários. Já em junho, foram 24 atendimentos e o pico chegou em julho, com mais de 40. “Conseguimos resolver metade destes atendimentos no primeiro estágio, junto com os alunos”, detalha ela. A outra metade foi encaminhada para atendimento médico ou psicológico.

Andressa Dias, também orientadora e professora de enfermagem da UEM, confirma que julho teve a maior demanda e foi o período que foram detectadas mais pessoas com sintomas da Covid-19. “Foi uma média de 120 atendimentos durante o mês”.

Discentes - A aluna do último ano de enfermagem Isabeli Bernardino dos Santos, que está no projeto há quatro meses, conta que, no início, os pacientes buscavam mais a plataforma por curiosidade ou para tirar dúvidas. “Agora, acredito que, por conta do aumento dos casos e conhecimento maior do aplicativo, atendemos pacientes suspeitos ou que até já têm o exame com resultado positivo em mãos e não sabem como proceder”.

logo telemedicina parana

Além de agilizar o atendimento à população para a Covid-19, a plataforma (foto acima) tem o grande objetivo de desafogar as unidades de saúde. “Eu já atendia nos hospitais e, hoje, percebo que muitos atendimentos que fiz no presencial poderiam ter sido feitos, muito bem, de forma remota. Na época dos milhares de casos de dengue, por exemplo, vejo que o teleatendimento poderia ter contribuído para reduzir a sobrecarga. O HUM, na época, estava muito lotado e muitos pacientes que chegavam já em um estágio grave poderiam já ter sido atendidos muitos antes, remotamente, evitando o agravamento da doença”, conta o aluno do último ano de Medicina João Scheidt, que participou do projeto durante os quatro primeiros meses.

Ele conta que, antes, tinha bastante receio de não conseguir atender com a mesma eficiência do presencial, mas, com a prática, viu que obteve bons resultados. “Acredito que quem mais tem a ganhar é o sistema primário de saúde. Para quem faz exame de rotina, acompanhamento, tudo pode ser muito bem feito à distância. Muitas pessoas que procuravam o atendimento nas UPA à noite, muitas vezes, era porque não conseguiam ir no posto devido ao horário de trabalho”.

A orientadora Andressa Dias conta que, antes de iniciar no projeto, tinha bons relatos do teleatendimento, mas não tinha a vivência. “Temos que ter a consciência de que o atendimento remoto não vai substituir o atendimento presencial, mas, com esta ferramenta, algumas questões já podem ser tratadas. A telessaúde é uma ferramenta promissora e o objetivo é reduzir tempo e espaço nos atendimentos de saúde”, complementa a enfermeira. Já dentro do meio acadêmico, ela acredita que esta alternativa deverá ser incluída. “Vimos todas as habilidades e conhecimentos adquiridos pelos alunos que estão participando do projeto. Agregou muito para o crescimento profissional deles”.

Futuro - Para João Scheidt, o teleatendimento já pode ser considerado o novo normal e ele quer estar na vanguarda. “Saio do projeto para focar no meu internato dentro do HUM, mas com o objetivo de contribuir para levar este novo formato de atender para outros ambientes hospitalares. Quero levar a experiência que tive aqui para outros lugares. Saio com uma mentalidade totalmente diferente, talvez mais preparado para novos desafios”.

Já para a estudante do último ano de enfermagem Isabeli Bernardino dos Santos, o leque de possibilidade se amplia com a participação no Teleatendimento Paraná. “Com quatro meses de experiência, vejo que é uma ferramenta que vai melhorar e, por incrível que pareça, aproximar a gente do paciente. Vejo que eles se sentem mais à vontade para contar detalhes. Quero continuar neste caminho”.

A enfermeira Hellen Cecílio também acredita que, no pós-pandemia, a plataforma será extremamente útil para retirar a carga do sistema de saúde tradicional, principalmente, em relação a consultas de acompanhamento. No entanto, desafios já foram detectados e deverão ser aprimorados. “Ter um celular adequado, um wi-fi eficiente para atendimento são questões que deverão ser discutidas pelo poder público para conseguirmos chegar cada vez mais longe”.

orientadora andressaJá para a orientadora Andressa Dias (foto acima), o momento é de fortalecimento. “O movimento de telessaúde em países da Europa já está consolidado, agora, no Brasil, estamos tendo que olhar com carinho. É um momento em que estamos vendo o que precisa ser melhorado. A própria plataforma do governo do Paraná já passou por várias mudanças, pensando na melhoria do atendimento. São ajustes importantes para população ter mais confiança neste meio”.

A coordenadora do projeto da UEM, a professora do Departamento de Enfermagem Viviani Camboin Meireles acredita que a inovação da telemedicina no Paraná possibilitou amplo acesso da população à informação, atendimento e monitoramento das condições de saúde. Não só para os indivíduos que residem, mas os que transitam pelo Estado. “Foi instrumento importante no controle da pandemia, ao permitir que as pessoas tivessem acesso às orientações de profissionais de saúde, sem afetar as recomendações de distanciamento social e sobrecarregar o sistema. Para os nossos alunos, foi uma oportunidade de contribuir com o sistema de saúde em um momento de tantas dúvidas e incertezas, possibilitou conhecer uma nova forma de organização dos serviços e de cuidado em saúde, e auxiliar na contensão da propagação do vírus”.

Para a pró-reitora de Extensão e Cultura da UEM, Débora de Mello Sant’ Ana - responsável pelo projeto UEM contra o Coronavírus, do qual a telemedicina faz parte -, as ações de telessaúde estão sendo essenciais para o enfrentamento da pandemia. “Para nós da UEM foi muito importante participar destes primeiros quatro meses, quando foram desenhados o aplicativo e o formato do atendimento. Nossos estudantes e docentes tiveram a oportunidade de estar na vanguarda deste processo e nossa comunidade a segurança do atendimento de qualidade sem estarem em risco desnecessário de ir a uma unidade de saúde. Esse projeto, com certeza, será um marco na vida de todos: profissionais e alunos da UEM e para a população”.

Texto produzido em colaboração com a bolsista do projeto, a jornalista Vanessa Bellei

 

 
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