A proposta inclui empréstimo de equipamentos, acesso à internet e capacitação para uso de ferramentas digitais
Sem expectativa de retorno às aulas presenciais em 2020, pelo risco de disseminação do coronavírus, a UEM desenvolve um complexo planejamento para a oferta de aulas remotas nos cursos de graduação a partir do dia 3 de agosto. Só lembrando que a decisão ainda precisa ser aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP). Ante essa possibilidade, muitas ações estão em andamento e uma delas é o Projeto de Inclusão Digital que visa dar suporte aos estudantes de graduação sem acesso ou com acesso limitado ao mundo virtual.
Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias Silva, este projeto é a garantia de que nenhum aluno ficará para trás por não ter equipamento ou acesso à internet. “Precisamos democratizar o ensino, é impensável iniciar o ano letivo sem incluir todos os acadêmicos”, afirma Dias Silva.
Ele explica que o projeto engloba um conjunto de medidas, entre elas a identificação dos alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso tecnológico. “Já realizamos duas pesquisas, por meio da Pró-Reitoria de Ensino (PEN), com o objetivo de mapear a situação do nosso corpo discente. A última apontou que de um universo de 14.984 alunos de graduação, 1,28% não tem acesso à Internet. Mas, considerando que nem todos responderam ao questionário e para que ninguém deixe de ser assistido, os coordenadores de curso, por estarem mais próximos dos alunos, também foram acionados para confirmar este diagnóstico. O conhecimento da realidade é fundamental para dimensionarmos, por exemplo, quantos equipamentos precisaremos adquirir”, afirma Dias Silva, destacando que a consulta também vem sendo realizada com professores, alunos de pós-graduação e agentes universitários.
Empréstimo
Conforme adiantou o vice-reitor, garantir a disponibilidade de equipamentos é outra etapa importante do projeto de inclusão digital, na qual estão previstas algumas frentes de trabalho. Por isso deve ser valorizado o atendimento de um pedido encaminhado à Receita Federal de Maringá que resultou na doação de 450 smartphones, provindos de apreensões em operações de combate ao contrabando, e entregues à instituição na última semana. A UEM, que também irá adquirir entre 100 e 200 tablets com recursos próprios, estuda ainda o lançamento de uma campanha de doações de equipamentos a serem disponibilizados aos alunos.
“Toda a logística e regulamentação para o empréstimo dos equipamentos, assim como a definição dos critérios para ter direito ao benefício estão sendo pensados”, sinaliza o vice-reitor.
Nesta etapa, o projeto prevê inclusive a disponibilidade de uso dos laboratórios de informática e outros espaços da Universidade. “Evidente que a reabertura dos laboratórios, caso seja necessária, será feita com a manutenção de todas as medidas de higienização e segurança estabelecidas nos protocolos dos órgãos de saúde e sob orientação do Grupo Técnico instituído pela Portaria 105/2020-GRE”, assegura o reitor Julio César Damasceno.
O reitor também destaca que a formatação do projeto acabou demandando a necessidade de alteração de algumas normatizações internas e que vem sendo feito um estudo neste sentido. Como exemplo, Damasceno cita a Resolução 042 de 2018 do Conselho de Administração que normatizou a utilização de bens permanentes em atividades institucionais fora dos câmpus da UEM. É um documento que precisa ser ajustado à nova realidade, dentro deste período de exceção. Ação já solicitada pela PEN.
Capacitação de alunos e professores
Tão importante quanto garantir o acesso ao mundo digital é dar condições para os professores estarem preparados para dar aula on line ou de forma remota, com domínio de ferramentas e plataformas digitais. “Estamos nos organizando internamente e, há dois meses, estamos fazendo e fizemos cursos e eventos para formação dos nossos professores em parceria com a Universidade Virtual do Paraná, com o nosso Núcleo de Educação à Distância (NEaD), entre outros”, explica o reitor, destacando que a oferta de cursos irá se manter, como suporte necessário não só aos docentes mas também aos alunos.
Navegação garantida
Uma última interface do projeto de inclusão digital da UEM diz respeito ao acesso à internet. Vale lembrar que a Universidade já oferece, gratuitamente, diversas ferramentas de suporte tecnológico como o G Suite for Education, que possibilita o acesso da comunidade acadêmica ao Google ClassRoom, ao Google Meet, e às demais ferramentas que fazem parte do pacote que permite acesso ao e-mail, chats, bibliotecas virtuais e a realização de cursos on-line e conteúdos multimídia.
Além disso, há mais de um ano a Universidade também integra o rol de instituições que oferecem o serviço eduroam (education roaming), rede sem fio desenvolvida para a comunidade internacional de educação e pesquisa. Com este serviço é possível conectar-se automaticamente à rede sem fio em qualquer localidade que haja pontos de acesso.
Há também outras formas de acesso à internet e suporte tecnológico para a comunidade acadêmica, que, inclusive, foram , e estão sendo ampliadas conforme o vice-reitor.
A novidade neste pacote é uma parceria que deve ser firmada entre a UEM e a Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) que irá garantir o acesso à plataforma de ensino remoto para todos os alunos.
A disponibilidade vai se dar a partir do uso de um aplicativo para atividades síncronas (web conferência) e acesso de conteúdo virtual autorizado sem o consumo de dados móveis do estudante e do professor cadastrado.
A tecnologia é compatível em telefone móvel, sistema Android ou em aparelhos iOS. O APP também pode ser acessado a partir de tablets.
“Todas essas ações e outras que vêm sendo estudadas fazem parte de um esforço conjunto feito dentro da UEM para adaptar a instituição à uma nova realidade imposta pelo coronavírus, mas que também expos importante lacuna no acesso às tecnologias de informação e comunicação (TICs) por parte da comunidade universitária, que deve ser enfrentada, sempre com foco na qualidade do ensino”, finaliza Dias Silva.