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Foram analisados dois artigos que estudaram 47 pessoas infectadas

Estudo realizado pelo grupo de Estudo de Evidências Científicas em Covid-19, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) analisou artigos sobre a ‘Dispersão Viral e Infectividade de Lágrimas em Pacientes com Covid-19’ e concluíram que a transmissão ocular da Covid-19 é incerta.

Esse primeiro estudo avaliou 64 amostras de lágrimas de 17 pacientes com Covid-19 entre os dias 3 e 20 após o início dos sintomas. Nenhuma cultura ou Reação em cadeia da polimerase da transcrição reversa em tempo real (RT-PCR), exame que faz a detecção direta do vírus em secreção respiratória, detectou o vírus, sugerindo um baixo risco de transmissão ocular.

“O estudo realizado em Singapura com 17 pacientes com Covid-19 utilizou o Swab nasofaríngeo (NP)- exame realizado com a inserção de um cotonete na narina paralelamente ao palato- e amostras de lágrimas de ambos os olhos foram coletadas para detecção de SARS-CoV-2 por meio RT-PCR” explica a professora Patrícia de Souza Bomfim de Mendonça, uma das coordenadoras do grupo de Estudo de Evidências Científicas em Covid-19.

Das 64 amostras de lágrimas, todas atestaram negativas para SARS-Cov-2 no isolamento viral e RT-PCR, mesmo quando os Swab nasofaríngeos continuaram positivo; dos 17 pacientes recrutados, nenhum apresentou sintoma ocular (olho vermelho, lacrimejamento, desfoque de visão, descarga e dessaturação de cores); um paciente apresentou injeção conjuntival e quemose durante a estadia no hospital, sugerindo que a transmissão pela lágrima independentemente da fase da infecção é provavelmente baixa; pacientes apresentaram sintomas no trato respiratório superior (TRS) como tosse, rinorreia e dor de garganta; pacientes com sintomas no TRS não demonstraram qualquer disseminação nas lágrimas, sugerindo que a hipótese do ducto lacrimal como um canal de condução do vírus pode não ser verdade.

Já o segundo artigo estudou 30 pacientes confirmados com pneumonia por coronavírus (PCN) do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Zhejiang, de 26 de janeiro de 2020 a 9 de fevereiro 2020.

Foram coletadas secreções lacrimais e conjuntivais com Swabs para ensaio de RT‐PCR e cultura viral. Duas amostras foram retiradas de cada paciente, em intervalos de 2 a 3 dias.

O resultado não foi muito diferente do primeiro estudo. Dos 21 pacientes com PCN do tipo comum e nove do tipo grave foram inscritos no estudo, apenas um com conjuntivite apresentou resultados positivos de RT‐PCR. 58 amostras de outros pacientes foram negativas.

Contudo, os autores especulam que o SARS‐CoV‐2  possa ser detectado nas lágrimas e secreções conjuntivais em pacientes com PCN com conjuntivite. No entanto, o vírus não foi isolado e cultivado com sucesso. A maioria dos pacientes deste estudo recebeu tratamento antiviral antes da amostragem.