Apenas nas clínicas da UEM, UEPG e Uenp são atendidas cerca de 30 mil pessoas a cada ano
Com atividades de prevenção e tratamento em escolas, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas clínicas instaladas nas próprias universidades, os cursos de Odontologia das universidades estaduais paranaenses, em parcerias com prefeituras, atendem a milhares de pessoas no Estado. Além de oferecer atendimento e levar conhecimento à comunidade, em nível de extensão, permitem suporte ao aprendizado acadêmico.
São vários projetos em andamento no Estado, desenvolvidos por alunos de Odontologia com a supervisão dos professores. É o caso da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). No câmpus de Cascavel, os acadêmicos vêm executando há mais de dois anos o projeto de extensão "TRA - Tratamento Restaurador Atraumático", que atende crianças da Escola Municipal Irene Rickli, no bairro Cascavel Velho.
Em 2017, um levantamento epidemiológico quanto às condições bucais dos alunos da escola apontou um grande índice de cavidades de cárie que demandavam tratamento odontológico. Realidade esta que também pôde ser observada na mesma pesquisa em âmbito nacional em crianças de 5 a 12 anos de idade, em que os tratamentos necessários superam os atendimentos recebidos.
O projeto "Tratamento Restaurador Atraumático no Controle da Cárie em escolares do Cascavel Velho – PR" contempla alunos matriculados, de 4 a 12 anos, do período vespertino. Para que as atividades pudessem ser desenvolvidas, os acadêmicos de Odontologia organizaram um trote solidário visando arrecadar dinheiro para a compra dos kits de saúde bucal, sendo 20 porta-escovas coletivos e 400 individuais.
Segundo o subcoordenador do projeto, professor André Terreri, a opção foi por desenvolver um projeto de extensão que pudesse somar com os trabalhos odontológicos já oferecidos pela UBS. Além do tratamento restaurador atraumático, foram desenvolvidas atividades coletivas em saúde bucal (escovação supervisionada e bochechos fluoretados). A coordenadora do projeto, professora Daniela Pereira Lima, esclarece que “o TRA é considerado uma técnica indolor, rápida, eficiente, pautada nos princípios da odontologia minimamente invasiva e ajuda na aproximação entre crianças e dentistas, o que favorece o crescimento de adultos sem medo de enfrentar um atendimento odontológico”.
Desde o início do projeto, em 2017, até o ano passado, 426 crianças foram contempladas com atividades de orientação em saúde bucal, higienização bucal supervisionada, evidenciação da placa bacteriana, distribuição de kits de higiene bucal e aplicação tópica de flúor.
Quanto ao TRA, o procedimento já foi aplicado em 72 crianças até o final de 2018, com expectativa de beneficiar mais pessoas devido à continuidade do projeto.
Kit
O professor Terreri considera que “o alto número de crianças com necessidade de tratamento torna de extrema importância a continuidade do projeto com a finalidade de somar com os trabalhos odontológicos já ofertados pela UBS”.
“Todo início de ano do projeto, as crianças recebem um kit de saúde bucal contendo um porta-escova individual e escova dentária, que ficam armazenados na escola, em um porta-escovas coletivo". Conforme a coordenadora do projeto, nesta etapa as crianças foram orientadas e a atividade de escovação bucal supervisionada ocorreu juntamente com a aplicação tópica de flúor.
Os docentes da disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva acreditam que o desenvolvimento de projetos de extensão em áreas mais carentes são de extrema importância, pois, além de motivar as crianças em fase escolar para mudanças de hábitos, estimulando as mesmas para o cuidado com sua saúde bucal, pode-se aumentar a cobertura de serviços restauradores.
A aluna de Odontologia Brenda Rex Machado ingressou no projeto TRA quando estava no 1º ano do curso. Atualmente no 3º ano, entende que a atividade foi uma vivência sensacional. “Ao iniciar fiquei em choque, quando percebi crianças que nunca tinham ido ao dentista, pois, todos os dentes atacados pela cárie não tinham sido tratados", diz. "O TRA é um projeto belíssimo e tenho orgulho de fazer parte dele”, acrescenta.
Na avaliação da coordenadora pedagógica da Escola Municipal Irene Rickli, Edina Maria dos Santos, "uma das grandes dificuldades na aplicação é a conscientização principalmente das famílias quanto à importância da saúde bucal. Contudo, as crianças conseguiram obter retornos positivos após as visitas dos acadêmicos de Odontologia”.
Em paralelo ao projeto, é feito um levantamento epidemiológico com o objetivo de triar e identificar os alunos que se adequavam aos critérios de inclusão para o TRA.
Estruturas dos cursos
A Unioeste conta com 200 acadêmicos no curso de Odontologia. As assistências às comunidades da região de Cascavel são todas conduzidas pela 10ª Regional de Saúde. São atendimentos em Dentística, Prótese, Odontopediatria, Cirurgia, Endodontia, Periodontia, Saúde Coletiva, Atendimento Odontológico a Gestantes, Ortodontia, Radiologia, Patologia, Estomatologia, Semiologia, Implantodontia e Oclusão e Disfunção Temporomandibular, todos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Hospital Universitário do Oeste do Paraná são feitas cirurgias e Odontologia em Saúde Coletiva e Residência em Cirurgia, Uoppecan (Odontologia em Saúde Coletiva e Estomatologia) e na UBS do bairro Nova Cidade é ministrada a disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva 4.
Também em duas escolas municipais são feitos procedimentos educativos, preventivos e curativos. O Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) tem especializações nas áreas de Endodontia, Cirurgia, Prótese Periodontia, Pacientes com Deficiências, Diagnóstico e Tratamento de Câncer Bucal e Ortodontia. A Unioeste oferece, ainda, cursos lato sensu (especialização) e stricto sensu (nível mestrado) em Materiais Dentários, residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, e residência em Prótese Dentária.
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) oferece atendimentos conveniados ao SUS, 24 horas por dia, com livre demanda para procedimentos de urgência e emergência. O curso conta com 311 alunos de graduação e 32 de pós-graduação. As especialidades de pós-graduação são em Odontologia, Periodontia, Radiologia, Prótese, Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Ortodontia. No CEO ocorrem procedimentos de Odontopediatria, Periodontia, Radiologia, Prótese Dental, Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Endodontia e Estomatologia.
Na Universidade Estadual de Maringá (UEM) são 195 alunos de graduação, 23 de mestrado, 28 de doutorado, 4 de pós-doutorado, 12 de especialização em Ortodontia e 30 de residências (sete cursos: Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial; Endodontia; Odontopediatria; Periodontia; Prótese Dentária; Radiologia Odontológica e Imaginologia; Saúde Coletiva e da Família). Os atendimentos são via SUS, na Clínica Odontológica da UEM. No último ano, 10.984 pacientes foram atendidos e mais de 170 mil procedimentos foram realizados.
UEM tem quase 300 acadêmicos de Odonto, somando graduação e pós
A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) possui 295 alunos matriculados na graduação e o curso dispõe de sete clínicas odontológicas de atendimento à comunidade. As atividades amparam cerca de 6 mil pacientes, totalizando cerca de 10 mil atendimentos anuais. A UEPG conta também com cursos de mestrado e doutorado. Ainda, como projeto de extensão, a instituição atende as comunidades rurais da região de Ponta Grossa, num projeto executado principalmente pelos acadêmicos do 5º período de Odontologia.
Na Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) foram feitos mais de 8 mil atendimentos no primeiro ano de funcionamento da Clínica Odontológica da Uenp. A instituição tem 197 alunos de graduação, que prestam à população os serviços em Dentística, Prótese, Cirurgia, Periodontia, Pediatria, Endodontia, Ortodontia Preventiva e algumas interceptivas, Clínica de Estomatologia e Implante Demonstrativo. Os atendimentos são todos feitos pelo SUS.
*Reportagem em colaboração de Amanda Alves, da equipe de comunicação da Unioeste. Atualizada em 25/06/2019 às 13h10.