2019 06 13 Reunia Antieprojeto Lei Universidade 2709

Em reunião do Conselho Universitário, professores, técnicos e estudantes manifestam-se sobre proposta da Seti

Galeria de fotos da reunião

 

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) vai criar uma comissão para debater oficialmente sobre a minuta da Lei Geral das Universidades Estaduais do Paraná. Este é um documento proposto pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), que não teve participação das universidades estaduais paranaenses na escrita. A iniciativa de estabelecer o grupo veio em reunião extraordinária do Conselho Universitário (COU) da UEM, com presença de Conselhos Superiores, entidades de classe, professores, estudantes e técnicos. Embora ainda haverá a análise, todos que já se manifestaram em público demonstram apreensão e refutam o anteprojeto.

“Alertamos que, a partir do momento que se produz uma proposta de lei como essa, cria-se um espaço de oportunidades de avanços ou retrocessos. Tudo depende do contexto”, pondera Julio César Damasceno, reitor da UEM, que destaca que a universidade pública vai além da formação de profissionais para o mercado de trabalho, porque produz pesquisas, difunde conhecimentos, presta serviços “essenciais e de excelência” e impacta positivamente a região onde está inserida.

“Esta minuta fere com veemência a autonomia da nossa universidade, foca no ensino de graduação, o que não expressa aquilo que a UEM representa. Não considera a pós-graduação, com o peso que tem no Estado, no país e de visibilidade internacional, nem a produção científica e o nosso papel na extensão”, preocupa-se Ricardo Dias Silva, vice-reitor da UEM. Para ele, da forma como apresentada, a minuta “precariza os recursos humanos e coloca em risco as atividades e o custeio da instituição, porque foca nas questões quantitativas, e não qualitativas”.

 

2019 06 13 Reunia Antieprojeto Lei Universidade 2752

Reitor e vice-reitor (com microfone) da UEM durante discurso

 

A Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem), que agora integra o Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES), pede a retirada do anteprojeto de lei, porque “traz muitas armadilhas perigosas, que podem atacar tanto a autonomia quanto a qualidade e o tamanho das nossas universidades”, segundo Edmilson Aparecido da Silva, presidente da Sesduem. Ainda de acordo com o professor, a rejeição ao anteprojeto vem, também, porque a entidade entende que foi escrito com base na realidade das universidades particulares. “Devem-se criar mais mecanismos de debates para que possamos apontar as falhas dessa proposta e que seja buscada uma construção com as outras universidades estaduais”.

Com microfone aberto, posicionaram-se de maneira similar o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (Sinteemar) e o Diretório Central de Estudantes (DCE), bem como professores, estudantes e técnicos administrativos. Em linhas gerais, expressam indignação e medo de perda de conquistas históricas, principalmente com relação à autonomia universitária, à qualidade e à gratuidade do ensino superior público. “Temos que tomar postura de luta, combate e defesa da universidade”, estimula Maria Clara Santos, aluna de Psicologia e coordenadora geral do DCE. “Em 33 anos na UEM, nunca vi a universidade passar por um processo de corrosão e sucateamento que estamos vivendo”, complementa Luís Cláudio da Silva, diretor de Comunicação do Sinteemar e conselheiro do COU.

 

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Espaço de diálogo aberto a quem quisesse expressar sua opinião

 

O encontro foi no Restaurante Universitário (RU), no câmpus sede da UEM, na noite de ontem (13), com intuito de o COU colher contribuições da comunidade acadêmica acerca do documento – que visa transformar-se em normativa estadual que determine parâmetros sobre as administrações didático-científica, patrimonial, de gestão financeira e de pessoal das universidades estaduais. A reunião foi com plateia lotada, durou quase duas horas e também tratou de pontos específicos do anteprojeto, como contratação de professores temporários e terceirização de técnicos como de serviços gerais e vigilância. Houve transmissão ao vivo da sessão para os câmpus regionais, com expressiva participação.

Saiba mais – No dia 3 de junho, em Curitiba (PR), a proposta da Lei Geral das Universidades Estaduais do Paraná foi apresentada aos reitores, pela primeira vez, pelo superintendente da Seti, professor Aldo Bona. “Não houve debate sobre o conteúdo, foi uma apresentação muito rápida”, relembra Damasceno. Esta conversa mais detalhada está prevista para ocorrer na semana que vem.

Além da UEM, formam o conglomerado de universidades estaduais paranaenses: a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), a Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp), a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

 

Reportagem atualizada em 14/06/2019 às 14h48.

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