Curso de extensão ocorre pela 1ª vez e deverá ter versão para o Nead da UEM e a UEL
Aprender inglês ao ponto de chegar à fluência não é tarefa fácil. Imagine, então, para quem tem dislexia! Certamente, a dificuldade pode ser redobrada ou triplicada se não houver docentes que se atentem a esse transtorno de aprendizagem. Pensando em superar o entrave, o Instituto de Línguas (ILG) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) está desenvolvendo o curso de extensão “Capacitação de (futuros) professores de inglês para o atendimento a alunos disléxicos”.
A iniciativa surgiu como desdobramento do doutorado em Letras pela UEM do professor Elerson Cestaro Remundini, que desenvolveu uma tese com objetivo de “ensinar inglês para disléxicos baseando-se em imagens e com foco na oralidade, porque o disléxico tem dificuldade com a leitura”. Coordenador do curso de extensão do ILG, Remundini aponta que entre 7% e 10% dos alunos são disléxicos e nem sempre os docentes estão preparados para atendê-los.
Atividade repercute tese de doutorado do professor de inglês Elerson Remundini
Hoje (6) ocorre o terceiro de oito encontros para as turmas da tarde e da noite, com presença de uma mãe de disléxico, para falar sobre desafios e superações do filho. “Os participantes já viram o que são dificuldades de aprendizagem, exemplos e agora estamos nos aprofundando na dislexia em si”, registra Remundini. Na sequência, o docente irá apresentar estratégias de ensino e exercícios específicos para o estudante com dislexia. Juntos, criarão um banco de atividades, que incluirão dinâmicas e jogos, a fim de que todos possam usá-lo e compartilhá-lo.
Para contribuir ao avanço do estudante de inglês, Remundini menciona que é fundamental que haja um acompanhamento multidisciplinar, com psicopedagogo e demais profissionais, como fonoaudiólogo, médico e psicólogo. “O curso de extensão visa capacitar o professor de inglês para que possa complementar um trabalho importantíssimo desenvolvido por todas as pessoas capacitadas, para que esse aluno consiga ser alfabetizado e progrida no ensino”, declara o coordenador. Também anuncia que deverá estender o projeto ao Núcleo de Educação a Distância (Nead) da UEM e à Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Minimizar problemas
Ana Igraíne de Góis Barreto e Cláudia Aparecida Macon de Almeida são professoras e participantes do curso de extensão, mas por motivos diferentes. Enquanto Barreto acredita conviver com alunos disléxicos, Almeida crê que dificilmente os encontrará, porque dá aulas para crianças de 2 e 3 anos, quando o aprendizado ainda está em desenvolvimento e raramente detecta-se dislexia; mesmo assim, quer aprender e difundir o conhecimento. No entanto, há algo que une ambos os objetivos: as duas querem minimizar problemas.
Professoras Cláudia de Almeida (esq.) e Ana Barreto estão adorando a capacitação
“Fui aluna do Elerson na graduação, sou uma admiradora do trabalho dele e sou apaixonada pela educação! O fato de saber que a demanda de alunos disléxicos existe fez com que eu saísse da minha comodidade para aprender, estar preparada para isso e propagar esse conhecimento”, declara Almeida, moradora de Nova Esperança (PR) e professora de educação infantil há nove anos, inclusive ministrando aulas de inglês aos pequenos.
Quando Barreto teve contato com um aluno com dislexia pela primeira vez, não soube como lidar. “Não tinha ideia do que era! Achava que era um aluno preguiçoso ou que não estava se esforçando, até que um dia ele me avisou: ‘eu tenho dislexia’. Eu ficava perdida, não conseguia ajudar”, lamenta. À época, ele desistiu do curso. Daqui para a frente, a postura dela certamente será diferente! “A partir do curso, vamos conseguir incluir o aluno sem que seja algo forçado”, espera a professora, que dá aulas de inglês há cinco anos e atualmente integra o Paraná Fala Idiomas.