O tema foi o centro de discussões de um curso promovido pelo Hospital
O Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) realizou um curso, para os servidores, sobre comunicação não violenta. A ministrante foi a professora Sylvia Mara Pires de Freitas do Departamento de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá (DPI/UEM).
A professora Sylvia nos disse que a importância de falar sobre comunicação não violenta dentro do Hospital começa quando percebemos que é um ambiente propenso a embates. Geralmente, as pessoas chegam cheias de problemas que podem ganhar maiores proporções. Por causa deste cenário, desde 2000, ela coordena um grupo de estágio na área da Psicologia do Trabalho, no qual os servidores do Hospital recebem acolhimento. “É uma escuta para promover o cuidado e a saúde dos servidores. O estresse do dia a dia, de cuidar da população, às vezes, não permite que o próprio servidor seja cuidado ou procure cuidado. E aí, o que vem? Estresse, impaciência, várias coisas acontecem, justamente, o que provoca uma comunicação violenta”, complementa a docente do DPI.
Mas o que o conceito de “comunicação não violenta” significa? Sylvia Mara começou dizendo que o criador deste termo foi o psicólogo americano Marshall Rosenberg, que se preocupava muito com as relações de apoio. Ele era um mediador de países que estavam em conflito. Então, desenvolveu, dentro da psicologia, com uma abordagem humanista, a comunicação não violenta, que é muito mais uma atitude, do que uma técnica dotada de métodos de aplicação.
A comunicação não violenta começa quando se observa o que a outra pessoa está fazendo ou falando, sem julgamento. Aí já começa certa dificuldade, segundo a professora Sylvia, para exercermos um olhar empático, de ver o mundo através dos olhos de outra pessoa.
“O que eu observo é, obviamente, que, se você fala alguma coisa, isso vai me afetar, me provocar algum tipo de sentimento. Só que esse sentimento que eu tenho, tem a ver com a minha necessidade na relação que eu estabeleço com você. Então, todo mundo espera ser bem atendido, ser reconhecido, fora as outras expectativas que vão se criando além: por outras pessoas, por aquelas que estão mais próximas, por minha equipe. A comunicação não violenta pode ser aplicada em qualquer lugar, em qualquer situação, por qualquer pessoa que se disponha a não só ver o outro, mas também de enxergar a si no sentido de: eu observo a outra pessoa e enxergo o sentimento que ela me provoca, não para reagir a esse sentimento, mas para poder ter consciência dele e poder expressar para outra pessoa o que eu senti diante do comportamento dela”, explica Sylvia Freitas.
Componentes – Segundo a professora, esse processo tem alguns passos: 1) observação sem julgamentos; 2) sentimento diante daquelo que observo; 3) necessidade e expectativas que tenho em relação a outras pessoas; e 4) pedido e abertura para solicitar mudança. “É um conjunto de atos e práticas que promovem a honestidade nas relações, já que você não deixa de falar sobre seus sentimentos”, esclarece a psicóloga.
Por fim, a professora Sylvia explicou que os servidores do HUM “treinaram” a questão de lidar com pacientes que estão em situações de extremo estresse. Ela sugeriu que, em primeiro lugar, eles façam uma fala que possa acolher o paciente. Um olhar empático que demonstre entendimento. “Você não vai sentir a dor dele, mas você pode colocar para ele que você entende que ele está nervoso, que provavelmente deve estar doendo muito, que talvez ele terá que esperar. A questão é dialogar e não deixar que o poder e o autoritarismo medeie a relação com o outro. Porque essa relação de poder acaba infantilizando o outro, já que ele pode obedecer por medo”, disse a psicóloga. E ela concluiu: “o curso promovido no HUM teve objetivo de apresentar uma temática e promover esse tipo de comunicação, que não é um método imediato de ação, mas sim práticas que devem ser tomadas atentamente durante o dia a dia de trabalho e fora dele, também”.
Serviço - O acolhimento realizado pelo grupo de estágio da professora Sylvia, no HUM é aberto a qualquer servidor que demonstre necessidade. Para entrar em contato com o grupo, ligue no telefone 3011-9070.