GRUPO RECEBENDO CERTIFICADO

Ranking coloca o Estado na frente de países referência como a Espanha

Nesta terça-feira (19), foi celebrado o Dia Nacional do Doador de Órgãos. O Paraná é o primeiro colocado entre os estados brasileiros na doação de órgãos e tecidos para transplante. Para saber mais sobre esse ranking, já que o Hospital Universitário de Maringá (HUM) tem influência nesse resultado, conversamos a coordenadora da Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), a enfermeira Rosane Almeida de Freitas.

Há um longo tempo o HUM tem trabalhado com a sensibilização das famílias que utilizam o serviço hospitalar. Prova disso é a homenagem recebida por Rosane e sua equipe no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Estado, em Curitiba. A certificação foi uma iniciativa da Central Estadual de Transplantes (CET/PR) juntamente com o Governo Estadual para homenagear as comissões que trabalham com o acolhimento e entrevista das famílias responsáveis por potenciais doadores de órgãos para transplante.

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) divulgou que o Paraná ultrapassou os índices de doações nacionais, posicionando-se em primeiro lugar entre as unidades federativas do País. O Estado ficou, ainda, acima da média de países como a Espanha, que ocupam as melhores colações mundiais quando se trata de transplante e doação. Os estados de Santa Catarina e Ceará ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares. O índice paranaense de transplantes de órgão contabiliza 44,2% por milhão de pessoas.

ROSANE E COORDENADORA ESTADUAL

São 62 comissões que fazem este trabalho no Paraná, todas inseridas em instituições hospitalares que possuem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Nosso trabalho, dentro da comissão, está, principalmente, em sanar dúvidas, esclarecer a família sobre todo o processo, desde a gravidade do paciente, quando este é admitido no hospital, enfim, dar todo esse suporte”, disse a Rosane Freitas, que recebeu a homenagem, dia 13 de junho, em Curitiba, das mãos da coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Paraná, Drª Arlene Terezinha Carol Garcia Badoch (foto, acima).

Processo – A coordenadora também informou que a CIHDOTT não permanece com os familiares das vítimas única e exclusivamente pela doação. O trabalho consiste, em seus fundamentos, no fornecimento de suporte àquelas pessoas. A formação da comissão é baseada numa equipe multidisciplinar, ou seja, é composta por assistentes sociais, psicólogos, médicos e enfermeiros, que prestam apoio, tanto emocional como médico, aos pacientes. “Na verdade, todos os profissionais do hospital estão envolvidos, se não direta, indiretamente, em alguma parte do processo”, destacou Rosane.

A enfermeira explicou, também, que o apoio aos familiares se dá a partir do momento que se identifica um paciente em “coma irresponsivo” – um tipo de coma que não tem resposta do indivíduo. Esse é um indicativo de que o cérebro pode não estar funcionando. Para confirmar isso, a chamado de morte cerebral, precisam ser realizados, por lei, alguns exames por médicos capacitados e especializados.

“Os exames mostram se o paciente está em morte encefálica. Se esta for constatada, a equipe entra em contato com a família do paciente para esclarecer todas as dúvidas possíveis. Depois desse processo, é realizada entrevista familiar para averiguar se a família permite que os órgãos sejam doados”, descreve a coordenadora da CIHDOTT do HUM.

Segundo ela, o foco do Hospital está no atendimento familiar. “A partir do momento que a família está esclarecida e acolhida, com todas suas dúvidas sanadas, eles se sentem à vontade para realizar a doação. No Brasil, nós tínhamos um alto índice de recusa familiar. Esse índice vem mudando a cada dia. De alguma forma, vemos que a doação é uma forma de conforto no momento de luto”, concluiu Rosane Freitas.

De janeiro a maio de 2018, 73% das famílias entrevistadas autorizaram a doação de órgãos e tecidos, dentro do HUM. Foram captados 28 órgãos e tecidos a partir da autorização das famílias doadoras.

* Reportagem com colaboração do estagiário Guilherme Vinícius Perusseli