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Ambulatório do Hospital é referência para o sucesso de gestações de alto risco

O mês de maio tem datas importantes para a área da saúde. No dia 12, comemora-se o Dia da Enfermagem e, no dia 28, o Dia da Redução da Mortalidade Materna. Pensando nisso, conversamos sobre o tema com a enfermeira obstetra Viviane Guilherme Dourado, presidente do Comitê de Investigação de Morte Materna do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) e representante do Hospital nas reuniões municipais e regionais.

Segundo Viviane, para reduzir mortes não só de mães, mas de bebês, o Brasil conta Comitês de Investigação de Óbito Infantil e Fetal. Estas organizações ajudam a entender o cenário e os fatores que levam a esse problema e apontam caminhos para preveni-lo.

Entre as ações que encabeçam os protocolos para essa prevenção está o pré-natal. A enfermeira lembra que a saúde da gestante está ligada à saúde do bebê e à forma como ela foi assistida no pré-natal, o que torna essa etapa muito importante. Para Viviane, a gestante “deve ser acompanhada por profissionais preparados que identifiquem possíveis problemas que podem resultar em complicações para o bebê e para a própria mulher e a enfermagem tem um papel muito significativo neste processo”.

A enfermeira obstetra afirma que, hoje, o pré-natal está muito difundido na nossa sociedade, estando disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em hospitais especializados, quando a gestação é identificada como de risco. “Então, o problema não está em realizar o pré-natal, mas realiza-lo com qualidade. Tanto a gestante quanto os profissionais são parceiros para um pré-natal ideal”, ressalta Viviane.

Para ela, os profissionais médicos e da enfermagem precisam realizar consultas, exames de laboratório, de imagem, como ultrassom, por exemplo, e também exames clínicos - pressão, batimentos cardíacos e tamanho da barriga da mãe -, para que tudo seja analisado e nada passe despercebido. “Se a pessoa que está atendendo não está vendo o que foge do padrão, ela não vai poder interceder ou fazer o diagnóstico de alguma anormalidade; isto é, identificar as ações que devem ser feitas naquele momento. Por isso, é preciso muita dedicação e atenção da nossa categoria”, explica a enfermeira.

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A presidente do Comitê de Investigação de Morte Materna ainda reforça que a evolução de um quadro de doença não é de uma hora para outra. A gestação vai dando indícios dos problemas que podem acontecer e os profissionais devem estar atentos para evitá-los, interferindo nessas complicações. Assim, “é possível ter um melhor resultado tanto para a mãe quanto para o bebê no final da gestação, reduzindo óbitos maternos, infantis e fetais”.

Resultados - Os enfermeiros estão na equipe responsável pelo processo de avaliação do risco gestacional nas UBS e nos hospitais que são referências de alto risco, como o HUM. “Nós estamos atentos às alterações de uma forma geral que podem resultar em uma hemorragia, uma eclampsia [evento causado pela pressão alta durante o parto] ou até interferências no pós-parto”, aponta Viviane (foto acima).

A enfermeira também destaca que o HUM está inserido na Rede Mãe Paranaense e conta com um ambulatório que atende gestantes com complicações; isto é, de alto risco. “Atendemos cerca 20% das mulheres de Maringá e da 15ª Regional de Saúde com gestação de risco, três vezes por semana”, explica a enfermeira. Essas mulheres são encaminhadas ao HUM por um sistema que gerencia consultas especializadas e que tem sede na Secretária de Saúde de Maringá. “As mulheres que apresentam gestação de alto risco são pacientes que passam por mais de um especialista, aqui no HUM. Além do ambulatório obstétrico, há outros que trabalham em conjunto, fazendo o acompanhamento integral destas gestantes. O ambulatório de endocrinologia é um exemplo”, explicou Viviane.

A enfermeira ainda ressalta que a região de Maringá é muito eficiente na área do apoio à gestação. Dados recolhidos pelas autoridades de saúde mostram que a Rede Mãe Paranaense contribuiu para a redução de mortalidade materna. No último ano, no HUM, houve apenas uma morte materna e, nesse caso específico, a gestante não fez acompanhamento pré-natal no Hospital, já chegou em estado crítico. “Até então, houve dois anos sem nenhum registro de óbito materno no hospital. Enfim, a gente observa que as mulheres acompanhadas no pré-natal de alto risco aqui têm tido um resultado favorável. Porém, isso não acontece em relação aos bebês. A situação deles é mais complicada. Ainda registramos casos de má formação e sequelas causadas por problemas maternos graves, que afetam os bebezinhos que são muito mais frágeis. Mas o HUM continua na luta, junto com o estado do Paraná, para reduzir cada vez mais e manter os óbitos infantis para um digito. Isso tudo, com a ajuda da equipe de enfermagem, que conta com enfermeiros, técnicos e auxiliares”, completou Viviane Dourado.