Wagner de Melo Romão, professor do Departamento de Ciência e Política da Unicamp, discutiu se há de fato uma guinada à direita na América Latina
O atual panorama político da América Latina sugere que há uma mudança de eixo da esquerda para a direita, dando vez a grupos liberais. A Argentina, com a eleição de Mauricio Macri, o Brasil, com ascensão de Michel Temer após o impeachment de Dilma Roussef, o Peru, com a eleição de Pedro Paulo Kuczynski, servem de exemplo. O professor do Departamento de Ciência e Política da Unicamp, Wagner de Melo Romão, discutiu essa suposta guinada à direita apresentando a trajetória de onze países, dez da América do Sul e mais o México.
O debate, realizado nesta terça-feira à noite na UEM, abriu a programação da terceira edição do Seminário Nacional de Participação Política e Democracia: o giro político recente no Brasil. Para o professor da Unicamp, afirmar categoricamente que há essa guinada à direita pode ser precipitado, até porque o processo político está em curso e não há total clareza dos desdobramentos.
Além disso, a virada não é uniforme. No Equador, o recém-eleito Lenín Moreno foi escolhido pelos eleitores para seguir adiante com o projeto bolivariano que até então era capitaneado por Rafael Correa. Na Bolívia, Evo Morales ainda governa por mais dois anos e meio. E na Argentina, a ex-presidente Cristina Kirchner volta à cena política e vai concorrer ao Senado nas eleições de 22 de outubro. Se vencer deve voltar à política com força.
Mas analisando a América Latina como um todo, o professor da Unicamp concorda que há sim certa predominância de governos de direita, considerando inclusive as maiores economias do bloco. O difícil é fazer previsões a longo prazo. “Até porque o jogo da política ainda está sendo jogado”, afirmou Wagner Romão.
Lembrando que a alternância no poder em termos direita x esquerda fazem parte do jogo democrático, o professor da Unicamp ainda destacou a ascensão do pensamento conservador e radical que extrapolam o âmbito da política e não se restringem à América Latina. As redes sociais, a eleição de Donald Trump e a força crescente dos partidos de extrema-direita na Europa dão mostras disso.
O Seminário segue até amanhã e vai reunir outros pesquisadores importantes na área, sempre com o objetivo oferecer um espaço de apresentação e de debate de estudos que abordam, sob distintas perspectivas teóricas e metodológicas, o tema da participação política. A programação inclui mesas-redondas, minicursos e grupos de trabalho.
Na solenidade de abertura compuseram a mesa do evento, a professora Carla Almeida, a diretora-adjunta do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, e a acadêmica Milena Belançon.
O Seminário é uma realização do Núcleo de Pesquisas em Participação Política (Nuppol), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UEM, com a coordenação geral dos professores Carla Almeida, Ednaldo Ribeiro e Rafael da Silva, os três do Departamento de Ciências Sociais da UEM e integrantes do Nuppol.
Para outras informações acesse o site do evento.