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Transmitida por um parasita, a infecção pode causar graves complicações ao feto durante a gestação

A toxoplasmose ganhou destaque no ambulatório de especialidades do Hospital Universitário Regional, da Universidade Estadual de Maringá (HUM/UEM), depois que foi tema do mestrado e doutorado do Doutor Lourenço Tsunetomi Higa, hoje, responsável pelo serviço no HUM. Ele procurou colher dados para seu estudo realizado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, da UEM, sob a orientação da professora Ana Lúcia Falavigna Guilherme. Segundo o médico ginecologista/obstetra, o interesse pela doença surgiu a partir da preocupação com a gravidade das sequelas que a ela pode causar ao feto durante a gestação. 

O doutor Lourenço explicou que a infecção pelo microorganismo Toxoplasma gondii pode trazer diversas consequências. “Pode ser a causa de um aborto no início da gravidez e também trazer graves sequelas para o bebê, como a vida vegetativa, pois ele altera a estrutura celular, principalmente do sistema nervoso central e do globo ocular do feto. Não há riscos para a mãe”, explica o doutor. O tratamento consiste em tomar medicamentos, como antibióticos, de acordo com a necessidade de cada gestante. 

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Para evitar esses problemas, o exame de toxoplasmose é pedido durante o pré-natal, quando a gestante procura a Unidade Básica de Saúde [postinho]. “A gestante inicia o pré-natal na unidade básica coletando os exames necessários e, junto com eles, o sorológico para toxoplasmose. Se o exame vem reagente, é solicitado um teste de avidez, que determina se a infecção pelo micróbio é recente ou tardia, isto é, se a mãe foi infectada antes ou depois de ficar grávida. A partir destas informações, a gestante é encaminhada para o tratamento no HUM, por meio do agendamento via telefone. O atendimento é feito todas às sextas-feiras”, explicou o doutor Higa. 

O ambulatório foi iniciado em 2005. Desde essa data, mais de 400 gestantes já passaram pelo tratamento no hospital, que hoje é referência neste serviço. Há o trabalho tanto de prevenção das sequelas quanto de acompanhamento da gestação, a partir da ação de uma equipe que conta com as enfermeiras Fernanda Ferreira e Cristiane de Oliveira, do ambulatório, e da professora do Departamento de Enfermagem da UEM, Deise Serafim. “No ano passado, 72 mulheres foram atendidas, 39 destas eram agudas, ou seja, haviam sido infectadas recentemente pelo parasita, e dentre estas, dois bebês tiveram consequências, mas não houve caso de aborto”, afirma Fernanda Ferreira. 

As mães - A gestante Andriele Henrique, de 29 anos, descobriu a toxoplasmose apenas no segundo semestre de sua gravidez, quando estava de sete meses e meio. “Não havia mais risco de má formação, mas havia outros riscos, como cegueira ou surdez, que no ultrassom não era possível visualizar”, explica a paciente.

Antes de começar o tratamento, foi feito o teste resultando em alta avidez, ou seja, ela possuía o vírus antes de engravidar, não existindo mais riscos para o bebê e nem para a mãe. O doutor Lourenço a aconselhou fazer o tratamento mesmo assim porque o teste deveria ter sido feito aos quatro meses de gestação. 

A mãe, que fez o tratamento entre a 28ª e a 34ª semana de gestação, contou que foi complicado, pois era preciso tomar três medicações e sentia sintomas como enjôo e queimação. Após a 34ª semana até o momento do parto o acompanhamento é com uma medicação que fortifica a placenta e protege o feto. “O tratamento como um todo é forte, mas fui bem atendida no HU, com suporte físico e emocional”, conta Andriele. 

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Poliana Cibele Maia, de 30 anos, foi encaminhada da cidade de Marialva. Passou pelo tratamento no ambulatório e, após o nascimento de sua filha, Yasmin, que já está com 6 meses, continua o acompanhamento. Já a paciente Rosineia Ratis, de 25 anos, descobriu a doença por meio do exame de sangue aos quatro meses de gestação e foi encaminhada pela médica de Floresta, cidade onde mora. Ambas acreditam que o ambulatório do HUM realiza um bom atendimento que pode evitar consequências negativas para a vida das crianças.

A paciente Sabrina Leal fez sua primeira visita ao ambulatório após 30 dias ao nascimento de sua filha Ana Clara. O acompanhamento foi feito durante a gravidez e não teve nenhuma sequela para o bebê. “Com o tratamento não precisa de preocupações, há esperança”, diz Sabrina, que aconselha outras mães a fazerem o exame de toxoplasmose e procurar ajuda se der reagente. 

 

 

*(Com orientação dos jornalistas da Assessoria de Comunicação)