No momento em que a Universidade Estadual de Maringá se lança em uma tarefa de grandes proporções, que é traçar seu Plano de Cultura, a presença do professor Antonio Albino Canelas Rubim, da Universidade Federal da Bahia, constitui um marco importante. Ele abriu, hoje (13) pela manhã, o Encontro Preparatório para o Seminário de Políticas Culturais. Durante praticamente toda a manhã ele falou a um público pequeno mas bem representado por diferentes segmentos da área, englobando artistas, produtores culturais, integrantes de conselhos de cultura de municípios da região, pesquisadores  e interessados no tema. Também participaram integrantes da atual gestão administrativa da UEM, que trabalham na elaboração do referido Plano. O tema da palestra foi: Políticas Culturais para Universidades. Agora a tarde, ele conduziu o painel Sonhar, Planejar, Realizar e Celebrar: metodologias para o desenvolvimento da cultura da universidade.  

 

Rubim, que é docente do programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade e do Programa de Artes Cênicas da UFBA, elogiou a iniciativa da UEM e disse que provavelmente ela será uma das primeiras universidades a ter um Plano de Cultura. Contudo, adiantou que há muitos outros passos que ainda precisam ser dados até que se chegue ao horizonte almejado e que o próprio processo poderá produzir mudanças profundas no cotidiano da instituição. “A criação do Plano de Cultura implica na reinvenção da Universidade”, pontuou o professor, que também foi secretário de Cultura da Bahia, entre 2011 e 2014. 

Referindo-se ao Plano Nacional de Cultura, referendado pela Lei n° 12.343/2010, Rubim diz que a iniciativa da UEM entra em consonância com o atual momento político nacional e que a pluralidade no debate é que garantirá a efetividade do projeto. 

Ele aponta que o processo começa com um diagnóstico capaz de dar a visão de conjunto do que é feito dentro da Universidade no campo da cultura, bem como das estruturas pré-existentes ou aquelas necessárias, incluindo os recursos humanos disponíveis. O professor aponta que “o desenvolvimento da cultura e das políticas culturais passam, necessariamente, pela formação de profissionais dedicados à organização do setor, abrangendo as políticas, a gestão e a produção culturais”. 

Além da formação de pessoal, há muitos outros desafios a enfrentar, segundo o palestrante, como a formação de públicos, a implantação de diretrizes e metas, bem como de sistemas próprios de avaliação. “Um Plano de Cultura precisa ser dinâmico, conectado com a contemporaneidade e ao mesmo tempo trabalhado com a perspectiva de avaliação e acompanhamento constantes”, destacou Rubim, lembrando ainda que a articulação nesse campo deve ter como foco os diferentes atores da comunidade universitária, sem esquecer a comunidade externa. É importante chamar todos para o debate, na visão do professor. 

Reconhecendo que o Plano em si não dá conta de abranger toda a complexidade que permeia a cultura, Rubim reforça que a iniciativa é válida e constitui um norteador importante. “A cultura não é um setor sem organização, ao contrário pressupõe uma boa capacidade organizativa”. O desafio, segundo ele, é organizar sem matar a espontaneidade ou a criatividade das expressões.

Rubim também chama a atenção sobre a necessidade de se produzir conhecimento científico nessa área como forma de fortalecer a própria ação cultural.  E, em última instância que, uma vez formulado, o Plano de Cultura não se traduza pura e simplesmente em mais um documento. Antes, que ele seja “a tradução de formulações em ações”. 

Sob organização da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC), o encontro se soma às demais iniciativas que precederam essa discussão, segundo o diretor de Cultura da Universidade, professor Rael Bertarelli Gimenes Toffolo. E ele chama todos, incluindo os estudantes, a ampliarem esse debate, que englobará muitos outros processos e encontros. 

A pró-reitora da PEC, professora Itana Maria de Souza Gimenes, adiantou que todo o processo está estruturado em um planejamento estratégico que teve início com um pré-diagnóstico em torno do Plano que, segundo ela, deve ser elaborado e aprovado pelo Conselho Universitário até dezembro deste ano.

O reitor Mauro Baesso destacou a importância da produção coletiva e o envolvimento de todos os setores e disse que este não é um projeto de gestão. “Trabalhamos para o institucional”, afirmou.

A servidora Laura Chaves foi a responsável pela organização do Encontro.