Na terça-feira, 5, aconteceu a audiência pública da Comissão Estadual da Verdade - Teresa Urban (CEV-PR), com objetivo de investigar graves violações de direitos humanos, no período de 1946 a 1984, em especial durante a Ditadura Militar, afim de efetivar o direito à memória e a verdade

Durante o evento foram colhidos depoimentos de militantes políticos, sindicais ou estudantis que viviam na região Norte do Paraná e de lideranças indígenas dos povos Kaigang e Xetá. São eles a professora aposentada do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), militante e ex-presa política, Ruth Ribeiro Lima; o professor aposentado do Departamento de Informática da UEM, militante e ex-preso político,  José Tarcísio Pires Trindade; os irmãos do advogado e militante Arno Preis, morto pela ditadura, João e Helga Preis; o advogado, militante e ex-preso político, Jorge Haddad; o Padre Orivaldo Robles, perseguido pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops); o artesão torturado pela ditadura, Leonil Lara; os indígenas Claudemir da Silva (Xetá) e Julio Cezar da Silva (Xetá), netos de índios que sofreram perseguição.

Homenagem - Durante a noite, na Câmara de Vereadores de Maringá, foi realizada uma homenagem a Bonifácio Martins, ex-vereador de Maringá por duas legislaturas (1956-1960 e 1960-1964), que evadiu-se da cidade no ano de 1964 frente ao quadro de insegurança no período da ditadura, deixando para trás seu escritório de contabilidade e sua casa na Vila Operária, além de amigos. Por iniciativa da Câmara dos Vereadores e de pesquisadores de História da UEM, em Sessão Solene e Simbólica, foi restituído o mandato do vereador Bonifácio Martins, 50 anos depois.

Um pouco da história do vereador foi contado no discurso proferido pelo professor Reginaldo Dias, do Departamento de História da UEM. Dias também escreveu um artigo fundamentou a restituição simbólica do mandato de Bonifácio Martins. Na sessão, estiveram presentes as duas filhas do vereador, que receberam a homenagem póstuma pelo pai. Com o Golpe Militar e a instauração do Primeiro Ato Institucional, Martins foi indiciado no Inquérito Policial Militar (IPM), conhecido como “Zona Norte do Paraná”, no qual militantes esquerdistas, trabalhadores sindicalistas e estudantes foram presos e processados. O vereador foi preso no ano de 1972, em São Paulo, e jamais à Maringá, tendo falecido em 2011, aos 88 anos, também na capital paulista.

Parceiras - O evento foi uma parceria entre a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Maringá, o Fórum Paranaense de Resgate da Memória, Verdade e Justiça; a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Câmara Municipal de Maringá. A próxima audiência ocorre em Londrina (PR), ,quarta-feira, 6, e quinta-feira, 7.