O I Simpósio Internacional de Educação Sexual (Sies), que começou ontem à noite (23), superou as expectativas das organizadoras. Segundo a coordenadora, Eliane Rose Maio Braga, a estimativa era receber 200 participantes, mas quase 900 pessoas se inscreveram no evento que prossegue até amanhã (25). O local de realização teve que ser alterado para a Biblioteca Central da UEM.

Na solenidade de abertura, Braga explicou o objetivo do evento e a adesão dos participantes. Falou sobre a importância da educação sexual principalmente nas licenciaturas. Disse que, se a procura foi grande, isso significa que a temática precisa ser trabalhada e discutida dentro das licenciaturas e escolas. Janira Siqueira Camargo, chefe do Departamento de Teoria e Prática da Educação, iniciou sua participação com uma música sobre sexualidade e, depois, destacou que o DTP aceitou realizar o simpósio acreditando que seria pequeno e que a grande procura os deixava feliz.

O reitor Décio Sperandio também mostrou sua satisfação com o sucesso do evento. Declarou que, a partir dessa imensa procura, é preciso discutir e lançar um novo olhar sobre a temática e inseri-la nos processos pedagógicos.

Espanha

O palestrante do dia, Eladio Sebastian Heredero, da Universidade de Acalá de Henares, da Espanha, falou sobre o panorama de educação sexual em seu país. Explicou que, como no Brasil, eles contam com leis que disciplinam a questão da educação sexual, porém, não as colocam em prática. Em 1990, foi aprovada a implantação da educação sexual abrangendo desde a educação infantil até o ensino médio. Essa lei foi reformulada e o tema acabou incorporado na educação para cidadania. Heredero também apresentou estudos, grupos, teses e dissertações que tratam do assunto, destacando que há muito a ser feito, assim como no Brasil.

No Brasil, a educação sexual está inserida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Para Eliane Braga, se os professores estudassem o tema compreenderiam o desenvolvimento psicossocial das crianças e suas várias fases. Por exemplo, saberiam que, quando uma criança de 3 anos se masturba, não o faz de forma erótica, mas como conhecimento do corpo, assim como enfia o dedo no nariz. Nessa situação, o adulto deve orientar a criança sem alarde que não deve repetir a ação. Se a situação persiste, pode ser indicativo de esmegma, oxiúro, abuso ou carência afetiva.

O simpósio apresenta 90 trabalhos científicos em forma de pôster, dispostos na BCE.  Hoje (24), às 19 horas, a palestra será sobre Educação Básica e Diversidade Sexual: pesquisas, avaliações e indicadores sobre a homofobia como fatores de ações de promoção da inclusão e da qualidade da educação. Amanhã (25), a partir das 8 horas, os temas serão Trajetória da Associação de Gays, Lésbicas, Transexuais e Travestis do Brasil; Vitimização Sexual: a importância do conhecimento entre os/as educadores/as; Sexualidade e Educação Sexual no Brasil: trajetória histórica da colônia aos nossos dias; Formação dos/as Educadores/as Sexuais; As Implicações da Educação Sexual no Exercício da Sexualidade Adulta.

Convênio

Hoje de manhã (24), o professor Eladio Sebastian Heredero reuniu-se com o reitor Décio Sperandio para discutir a possibilidade de convênio entre a Universidade de Alcalá de Henares, da Espanha, com o Programa de Pós-Graduação em Educação da UEM. Estiveram presentes também a coordenadora do Programa, Terezinha Oliveira, a assessora do Escritório de Cooperação Internacional, Elza Kimura Grimshaw, e a professora Eliane Braga.